
Uma poesia por semestre escrevo
então cumprindo minha cota
A definição de poesia descrevo:
Para escrever poesia, é preciso ler poesia e saber onde se encontra a essência dessa forma de expressão.
Que é Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados.
Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor de seu rosto
um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
(Cassiano Ricardo)
Poesia é um texto literário, em prosa ou em verso, que se caracteriza pela linguagem sugestiva, conotativa, metafórica, figurada, criativa, inusitada - a chamada função poética.
A distinção entre prosa e verso
Nos textos em verso, as palavras são dispostas graficamente em linhas descontínuas chamadas versos.
Os versos podem ser de duas espécies:
- verso medido ou tradicional
- verso livre ou moderno
O verso medido ou tradicional é o verso que tem o mesmo número de sílabas em toda a estrofe ou em todo o poema.
Observe o exemplo:
Tu és um sonho querido
De minha vida infantil.
Desde esse dia... Me lembro...
Era uma aurora de abril.

O verso tradicional pode conter até doze sílabas.
Os versos de Vinícius de Moraes contêm quatro sílabas.
Vamos conferir?
Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus.
O verso livre ou moderno não tem um número fixo de sílabas em cada verso, nem uma disposição regular das sílabas tônicas, nem rimas, muitas vezes.
Exemplos:
Projeto
Quando eu morrer com certeza vou
pro céu.
O céu é uma cidade de férias, férias
boas que não acabam mais.
Chegando, pergunto pela
minha gente que foi na frente.
Dou beijos, dou abraços, pergunto
uma porção de coisas e depois,
depois quero ir na casa de
São Francisco de Assis, ficar amigo dele,
tão amigo, tão amigo, que ele
há de me chamar: - Alvinho! e
eu hei de lhe chamar:
- Chiquinho!...
(Álvaro Moreyra)
Imagem
O gato é preguiçoso como uma segunda-feira.
(Mário Quintana)
O sabiá pousou em cima da mangueira e cantou, cantou uma semana inteira.
Depois foi-se embora, nunca mais voltou.
A mangueira ficou triste, mas toda cheia de mangas.
Mangas tão doces, tão bonitas, a mangueira nunca deu.
Deu agora de saudades, porque a mangueira sofreu...
Quanta mulher-sabiá!
Quanto homem-mangueira!...
(Álvaro Moreyra)
Poesia é palavra. É linguagem. Todo o gênio do poeta reside na invenção verbal (Jean Cohen - crítico de literatura). Poesia é uma forma peculiar de dizer, de expressar.
Poesia não é, pois, a mera expressão de sentimentos. De uma dor de cotovelo. De uma decepção amorosa. De uma canção de amor.
Poesia não é a comoção diante de um pôr-do-sol ou diante de uma paisagem. Até pode haver poesia numa declaração de amor ou num poema que descreva o entardecer. Mas - insista-se - a essência da poesia não está no próprio assunto, na expressão do sentimento, da comoção, do encantamento. Poesia é palavra.
Na poesia, a língua ultrapassa sua função meramente comunicativa e se torna, ela própria, a matéria prima para a obra de arte. Dito de outro modo, na função poética o esforço do autor incide sobre a estrutura da mensagem, sobre a forma de dizer.
Na poesia se evidenciam as potencialidades da linguagem: a conotação, a metáfora, todas as figuras de linguagem, a sonoridade, o ritmo; em suma, a maneira peculiar, diferente, nova, artística, criativa de expressar.
a pedra,
a nuvem,
ou o espinho
e não flores
em teu caminho...
Esquece o que fui.
Esquece esta nota desafinada
que soou perdida
na harmoniosa tranqüilidade
de teus dias...
Perdoa esta nuvem
que pousou inconsciente
sobre o brilho de teus dias...
Esquece tudo.
E vê como os horizontes
te são azuis
e quanta promessa de luzes
e de festas
tuas manhãs te reservam.
Ouve e vê
como todas as coisas
parecem orquestrar
para ti
uma linda canção
de felicidade.
Então, depois, esquece.
Foste sempre
a longe estrela do céu
e eu o lago
a possuir-te em minhas águas
ilusoriamente...
