Há 12 anos atrás em algum laboratório oculto no continente IronThron, o cientista ‘de Marco’ conversa com a lenda viva:
De Marco – E então Dr. X, você terminou mesmo?
Dr. X – Claro que sim de Marco, ainda não tive tempo de testar em cobaias, mas segundo meus calculos está tudo O.K.
De Marco – É por isso que o “Núcleo” te admira...
Uma auxiliar, talvez farmacêutica ou enfermeira entra neste exato momento dentro da sala interrompendo De Marco e interjeitando ao Dr. X:
- Ele chegou Dr., Ele chegou!
Dr. X – Já falei pra não entrar sem bater, que eu não gosto, aliás, porque ele viria pra cá?
- Houve um acidente, um acidente quando ele chegou aqui, todos te chamam na sala B-12! – exclama a moça num tom que já beira o desespero.
Era como se o Messias tivesse voltado à terra descido do céu, mas com um acidente que o deixara á beira da morte. E um mundo sem “O Cristo” talvez não tivesse sentido...
Minutos depois na sala de cirurgia Dr. X pede a de Marco:
- Traga-me o composto “S”.
- Mas senhor! Tu mesmo o disseste que ainda não testou nas cobaias! Não sabemos os efeitos que podem ser causados a este jovem. – responde de Marco, como se Dr. X um estudioso, uma lenda viva da ciência, tivesse dito a coisa mais idiota do mundo.
Dr. X – a é!? Pois então Dr. De Marco, não traga nada, que ele irá morrer! Tenho que encubá-lo na sala fria! Preciso parar todas as funções vitais dele, para que Ele seja “restaurado”.
De Marco – Não sabemos se a sala fria terá condições de prover uma restauração sem destruir-mos esta vida senhor...
- Sim, foi por isso que eu desenvolvi o composto “S”, o sr. Trará, ou quer que ele morra?...
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Doze anos depois, na região portuária da Cidade do Aço, uma cidade costeira conhecida por ser o “Para-Raio” de IronThron, em meio aos guindastes pequenos, grandes e gigantescos sempre trabalhando, empilhadeiras controladas por robôs e poucos humanos mantendo tudo aquilo em ordem, está um rapaz em cadeira de rodas olhando para o horizonte além-mar. Os “estoques” dos metais que já se encontram para fora da empresa, pois ela não os comporta mais, - a Empresa “Máximas”, uma poderosa empresa do “ Núcleo” que faz armamentos e veiculos de transportes para o combate – são estes que estão sendo postos em ordem por todo aquele maquinário. Quilômetros e quilômetros de extensões compõem aquela empresa. Tubulações gigantescas em meio a alicerces igualmente grandes para comportá-las, correm pela cidade levando o Aço em seu estado liquido.
Uma ironia do destino, terem descoberto jazidas de minérios naquela região, justamente onde os ataques da Horda inimiga, tem mais facilidade de penetração. Um local onde os Melhores Agentes atuam o tempo todo. A capital de treinamento de Agentes! - Alí a prática é treinada quase que o tempo todo - Os poucos rios dali já se perderam com a poluição excessiva da fábrica. Mas os minerais são a unica coisa que sobrou ao mundo, digo, a coisa mais importante para a sobrevivência do mundo.
O mar ali não é azul e puro como se conhece hoje no nosso presente. O mar ali é de cor avermelhada, fruto do que o homem fez com a Terra, do que o homem teve de fazer com o planeta. As praias claro, que não são freqüentadas. Há poucos metros da praia, incide uma barreira de proteção magnética, um campo de força criado com a avançada tecnologia, que protege e separa o mundo pútrido externo, do criado artificialmente. O ar não é bom pra se respirar, por isso o Homem teve que inventar um purificador, algo que devolvesse o ar em condições à sua sobrevivência. Não sei se pode ser chamado de natural isso, talvez seja artificial sei lá. Mas como ia dizendo, por trás daquela barreira, vê-se arvores, o que dá a impressão de ser um bosque. Claro que foram tudo outrora fora criado em laboratório. O suficiente para tornar este novo mundo, um pouco normal.
O Homem chegou num estado que pode criar qualquer coisa. Só não tão perfeita e duradoura como Deus. Ele cria a si mesmo, só não o faz, porque até hoje só conseguiu clones imprestáveis. Eles precisam de criaturas de Deus para ter uma chance. Outra coisa que o Homem não consegue criar nestes dias, é a paz e felicidade própria.
A vida que antes era um jogo, tornou-se jogo de poder. Aliás, de um lado jogo de poder, do outro sobrevivência. Agora o “Núcleo” está pagando por tudo. O Homem está pagando por sua mesquinhês, porque a Horda fica cada vez mais inteligente, e o Homem parece ter-se estagnado.
O fato é que o jovem de cadeira de rodas, fora guiado até a margem de proteção, por um senhor com aparência de uns 54 anos não menos. Os poucos gestos e esboços de fala que o jovem conseguia transmitir e se fazer entender era isso, que ele gostava de ver o mar, e o bosque. Daquela vista de cima, do morro das Pedras onde se via a praia lá em baixo e mais a esquerda o bosque. A direita se via a Empresa Máximas. Os humanos já perderam as esperanças de olhar pro mar a espera de um navio, que chegasse com a salvação. O povo cansou de prostrar-se em terra de joelhos, com as mãos voltadas para o céu pedindo a salvação a Deus. Alguns fatos até fazem-se acreditar que este é o novo flagelo de Deus enviado desde 2007 até hoje em 2031. Isso, só Deus sabe. Mas o jovem mesmo incapacitado, gostava de ver. A pedra que ficavam todas as tardes, o senhor e o jovem, ela fica entre dois enormes faróis, na verdade Torres de Vigia construidas a fim de pararem um primeiro ataque da Horda em caso de invasão.
Um outro senhor se aproxima e pergunta:
- E o menino?
O que cuida do jovem responde cordialmente:
- Aparentemente na mesma, mas sinto que interiormente ele já está melhor. Apresenta emoções, parece que ele compreende o mundo que o cerca já. Creio que se recupere em poucos meses.
- Josh! É este o seu nome não é senhor? – o jovem que outrora dias passados, olhava fixamente numa direção só, com poucos sinais de expressão, agora se vira e pergunta pro senhor que o acompanhava nestes passeios.
As enfermeiras e fisioterapeutas recomendavam sempre estes passeios para desenvolvimento e estímulo dos pacientes. E parece que funcionou. Os dois senhores ficam emocionados com aquele gesto do garoto, um sinal de felicidade resplandeciam sobre suas faces como se presenciassem um milagre feito pelo próprio Nazareno.
Um dos senhores saiu pra contar as boas novas e Joshi respondeu ao jovem:
- Sim menino, sou eu sim!
- Eu sei de tudo que se passa viu, ouvia tudo nestes ultimos seis meses, só não conseguia me comunicar direito. Eu vejo a aflição das pessoas, parecem que vivem sempre preocupadas, com cargas de extresse ainda maiores do que eu via antes do meu acidente. A propósito, o que aconteceu após ele? Quanto tempo se passou? Este mundo está diferente, após a praia o céu é escuro num tom frio, sem vida. – o garoto começa a interrogar Josh.
- Não tenho ordens para lhe responder tudo isso, mas saiba que todos esperavam sua recuperação. Você é muito importante para nós viu! – responde o liso Josh se esquivando do menino.
- Estranho, tenho a sensação de não ter sido querido há tempos atrás. De ter sido rejeitado, mas não me lembro...Talvez isso tenha a ver com meu acidente...Ai! Minha cabeça dói. – o garoto que pensava, se recolhe na cadeira passando muito mal.
O velho nem teve tempo de ver o garoto pois logo avista navios chegando as terras. Tinham velas negras e gargalhadas diabólicas se ouviam do interior deles. Logo a sirene de “salvem-se quem puder” é acionada no farol e tudo vira um caos! Os mecânicos correndo, máquinas deixadas para trás, o pouco de povo lá atrás mais para o centro da cidade já se preparando para o pior, ou melhor, fugindo desesperados, tudo aquilo acontecera de repente.
Os faróis de proteção lançam contra as naus, raios eletromagnéticos e conseguem parar umas duas. Vinham mais três atrás das vencidas e sabe-se lá quantas outras mais chegando a Baía.
As que vinham de trás lançam raios semelhantes, tiros com muita pressão e poder de estrago que destrói um dos faróis fazendo seus escombros cairem por todo o local e derrubando estruturas metálicas da Empresa Maximas, que acaba por desencadear um efeito dominó quebrando tudo!
Quando o pobre velho tentava processar tanta informação, os escombros cairam sobre eles. Teriam sido mortos. Os dois. Mas milagrosamente o jovem levanta da cadeira de rodas e se joga em cima do velho derrubando-os a alguns poucos metros de onde estavam. Os alicerces cairam em torno deles e não os taparam. Parece que o jovem tinha se recuperado da dor de cabeça, pré-visualizado o que iria acontecer, e calculado milimetricamente uma área de não risco, para que ficassem a salvo das primeiras quedas de escombros. Nenhum humano normal faria aquilo naquela velocidade.
Após prometer trazer ajuda o jovem sai desbaratinado pela cidade a procura de ajuda. Ninguem podia nem se ajudar, quanto mais ajudá-lo. Ele encontrou um abrigo militar, donde todos tentavam acessá-lo pois era um lugar a se estar a salvo. Mas homens e mulheres em trajes pretos, estas ultimas em ternos executivos, barravam a entrada das pessoas priorizando mulheres e crianças ou pessoas “certas”. No desespero ele se achegou e tentava entrar quando a mulher o olha e interroga:
- Seu número de “id”.
O jovem nem sabia do que se tratava, mas numa vislumbrada ao seu redor, vira que todas as pessoas usavam um crachá dizendo, algo como a profissão e um número. Percebeu que os homens de preto se identificavam como “Agente” e embaixo apresentavam 4 números. Ele julgou que o “id” seria o número e nome contidos no crachá, mas ele bem sabia que era o unico sem esta identificação, então chutou torcendo para todos os santos que dê certo:
- 1018 – diz o jovem com voz tremida.
- Ah! É você mesmo? O Agente 1018? Entre, vá para a fila especial, eles te darão tratamento pra combater.
Que diabos era aquilo? Pensava o garoto. Agente? O que quer que tenha significado isso tudo, dera certo. O jovem conseguiu entrar e ficar a salvo. Mas peraí...combater? O que será que ele arrumou pra sua cabeça.
Na fila especial, está vários homens de pretos, os tais Agentes, que o vêem, parecem reconhecer e sorrindo chegam até ele dando uma farda preta, com coturno, boné e mais alguns acessórios e dizem: pode vestir isto aqui. Devemos nos diferenciar dos civis, pois somos referência.
Mal dá tempo do muleque se vestir, e já o dão seu crachá escrito: Agente – 1018.
Ele era Agente e não sabia...
Fim - Primeira Parte.
Continua...