sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Poesias

Se a cada semestre escrevo uma poesia
Uma poesia por semestre escrevo
então cumprindo minha cota
A definição de poesia descrevo:

Para escrever poesia, é preciso ler poesia e saber onde se encontra a essência dessa forma de expressão.

Que é Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados.

Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor de seu rosto
um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.

(Cassiano Ricardo)


Poesia é um texto literário, em prosa ou em verso, que se caracteriza pela linguagem sugestiva, conotativa, metafórica, figurada, criativa, inusitada - a chamada função poética.

A distinção entre prosa e verso

Os textos em prosa apresentam uma característica marcante: as linhas são contínuas e se agrupam em parágrafos. Quando você lê uma carta, uma crônica, uma notícia ou reportagem de jornal, um conto ou um romance, você está lendo textos em prosa.

Nos textos em verso, as palavras são dispostas graficamente em linhas descontínuas chamadas versos.

Os versos podem ser de duas espécies:

- verso medido ou tradicional
- verso livre ou moderno

O verso medido ou tradicional é o verso que tem o mesmo número de sílabas em toda a estrofe ou em todo o poema.

Observe o exemplo:

Tu és um sonho querido
De minha vida infantil.
Desde esse dia... Me lembro...
Era uma aurora de abril.



No verso medido ou tradicional, contam-se as sílabas até a última sílaba tônica.

O verso tradicional pode conter até doze sílabas.

Os versos de Vinícius de Moraes contêm quatro sílabas.

Vamos conferir?

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus.

O verso livre ou moderno não tem um número fixo de sílabas em cada verso, nem uma disposição regular das sílabas tônicas, nem rimas, muitas vezes.

Exemplos:

Projeto

Quando eu morrer com certeza vou
pro céu.
O céu é uma cidade de férias, férias
boas que não acabam mais.

Chegando, pergunto pela
minha gente que foi na frente.
Dou beijos, dou abraços, pergunto
uma porção de coisas e depois,
depois quero ir na casa de
São Francisco de Assis, ficar amigo dele,
tão amigo, tão amigo, que ele
há de me chamar: - Alvinho! e
eu hei de lhe chamar:
- Chiquinho!...
(Álvaro Moreyra)

Imagem

O gato é preguiçoso como uma segunda-feira.
(Mário Quintana)

O sabiá pousou em cima da mangueira e cantou, cantou uma semana inteira.
Depois foi-se embora, nunca mais voltou.
A mangueira ficou triste, mas toda cheia de mangas.
Mangas tão doces, tão bonitas, a mangueira nunca deu.
Deu agora de saudades, porque a mangueira sofreu...
Quanta mulher-sabiá!
Quanto homem-mangueira!...
(Álvaro Moreyra)

Poesia é palavra. É linguagem. Todo o gênio do poeta reside na invenção verbal (Jean Cohen - crítico de literatura). Poesia é uma forma peculiar de dizer, de expressar.

Poesia não é, pois, a mera expressão de sentimentos. De uma dor de cotovelo. De uma decepção amorosa. De uma canção de amor.

Poesia não é a comoção diante de um pôr-do-sol ou diante de uma paisagem. Até pode haver poesia numa declaração de amor ou num poema que descreva o entardecer. Mas - insista-se - a essência da poesia não está no próprio assunto, na expressão do sentimento, da comoção, do encantamento. Poesia é palavra.

Na poesia, a língua ultrapassa sua função meramente comunicativa e se torna, ela própria, a matéria prima para a obra de arte. Dito de outro modo, na função poética o esforço do autor incide sobre a estrutura da mensagem, sobre a forma de dizer.

Na poesia se evidenciam as potencialidades da linguagem: a conotação, a metáfora, todas as figuras de linguagem, a sonoridade, o ritmo; em suma, a maneira peculiar, diferente, nova, artística, criativa de expressar.

(Agradecimento a Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)

POEMA DA PARTIDA

Perdoa, se fui
a pedra,
a nuvem,
ou o espinho
e não flores
em teu caminho...

Esquece o que fui.

Esquece esta nota desafinada
que soou perdida
na harmoniosa tranqüilidade
de teus dias...

Perdoa esta nuvem
que pousou inconsciente
sobre o brilho de teus dias...

Esquece tudo.
E vê como os horizontes
te são azuis
e quanta promessa de luzes
e de festas
tuas manhãs te reservam.

Ouve e vê
como todas as coisas
parecem orquestrar
para ti
uma linda canção
de felicidade.

Então, depois, esquece.

Foste sempre
a longe estrela do céu
e eu o lago
a possuir-te em minhas águas
ilusoriamente...

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